terça-feira, 27 de abril de 2010

Sal da Terra, Fermento e Luz do Mundo


A todos saúdo com Graça e Paz;


( 1 João 3:17-18)


Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?


Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.”

Nos dias de hoje, em que estamos a viver a revolução do fim da era industrial, como a vivida há 200 anos, quando a agricultura deixou de ser a maior fonte de emprego, sendo que agora, a fonte do emprego está a ser na área do conhecimento, confesso que também ando confuso com isto, mas o que acho é que a crise internacional actual é a crise do mercado sem regras, sem valores, que faliu completamente do mesmo modo que caiu o muro de Berlim. O trabalho deveria estar inserido na vida das pessoas de modo a não ofender o sentido dessa mesma vida. Fico perplexo, por ver creches e colégios abertos das sete às vinte horas, para substituírem já não parcialmente como deviam os pais que estão demasiado tempo no trabalho, por isso penso ser legítimo perguntar-me se não estaremos nós a ir atrás de um certo estilo de vida que sacrifica demasiado as pessoas e que não vê a realidade sob o ponto de vista cristão e ético e é isto que me faz reflectir sobre o papel que um Estado Social moderno como o que existe no meu pais deve acautelar.


Em jeito de prólogo quero deixar bem patente que sou um crente com esperança e que apesar toda a crise económica mundial acredito no amanhã e por isso apelo à abertura de boas vontades para que se encorajem novas formas de encontro, de debate e de solidariedade para todos os problemas.


Em Portugal, o Programa de Reinserção Social (Vulgo Rendimento Mínimo) é talvez o mais bem sucedido entre os vários programas sociais criados e continuados pelos últimos governos, destinado a contornar vários problemas endémicos como a má distribuição da riqueza, as deficiências do sistema de ensino, o desemprego estrutural e a baixa qualificação da mão-de-obra do país. Analisando alguns dados disponíveis, eles revelam-nos a enorme abrangência alcançada pelo programa, sobretudo nos subúrbios das grandes áreas metropolitanas de cidades como Lisboa, Porto, Braga e Setúbal.


Criado com o objectivo de permitir às famílias de baixo rendimento uma ajuda para viverem com o mínimo de dignidade, a verdade é que actualmente o Rendimento Mínimo, tornou-se para muitas famílias a única fonte de sustento, por isso essencial e da qual dependem integralmente. O programa de forma geral é bastante elogiado, mas existem muitos críticos, nomeadamente no discurso político, que o acusam de não estar vinculado a outras estratégias que permitam que os beneficiários venham a romper com o ciclo de pobreza. Ainda assim, estes críticos reconhecem que determinadas famílias vivem em condições sociais e económicas tão débeis que não lhes é possível gerarem riqueza para o seu sustento, necessitando desta forma de uma protecção económica do estado. O lado negro desta forma de assistencialismo, é a exploração política de que este tipo de programa é vítima e a acomodação desonesta encontrada entre alguns de seus beneficiários, que simplesmente se adaptaram a esta forma de vida, ainda que tenham condições de gerarem o seu próprio sustento através do seu trabalho. Isto sem falar nos casos de atribuições ilícitas, um tipo de fraude que infelizmente é bastante comum em relação a todos os benefícios prestados pelo estado, contudo, penso que os problemas e os vícios inerentes às prestações sociais por parte do estado não invalidam o exercício desta função. De um ponto de vista moral e humano, enquanto persistirem os problemas estruturais responsáveis pela pobreza, é necessário que o estado continue a prestar esta assistência, como uma forma de minimizar as consequências desta pobreza, como condição de sobrevivência para muitas famílias.


Mas esta questão tem entretanto um lado que não diz respeito ao governo, mas à própria sociedade. Em que medida cada cidadão é também co-responsável no exercício desta função de ajuda? As pessoas de um modo geral estão prontas e mobilizam-se para ajudarem os seus semelhantes em condições atípicas, como no caso de cataclismos naturais, guerras e epidemias. No entanto, no quotidiano, é bastante raro encontrar pessoas dispostas a mitigar o sofrimento de muitos que vivem permanentemente numa situação de calamidade pessoal e de vida indigna.


O cidadão comum convive com a miséria de muitos de seus semelhantes no dia-a-dia, como coisa normal, indiferente ao seu sofrimento e à condição desumana na qual vivem muitas e muitas pessoas. Esta indiferença é alegada em motivos como: - A responsabilidade pela assistência social é do governo, não da sociedade civil. Afinal é para isto que pagos os meus impostos e não quero ajudar a preservar situações sociais irregulares e portanto referendar a inércia do estado; Muitos dos que recebem prestações sociais são pessoas preguiçosas ou desonestas, que tiram proveito desta situação apesar de não terem essa necessidade; Ajudar estas pessoas é fomentar indirectamente o culto à preguiça, ao consumo de álcool e de drogas.


Todas estas objecções a princípio são válidas e baseiam-se em fatos comprovados. Entretanto, elas não justificam, por si só, a recusa do cidadão comum em ajudar o necessitado. Da mesma forma que a existência comprovada de famílias efectivamente carentes justifica a manutenção dos programas sociais do governo; apesar dos vícios decorrentes do mau uso dos seus benefícios, também a existência comprovada de pessoas efectivamente carentes justifica a prestação de assistência individual que lhes é dada, não somente por parte do estado, mas também por iniciativa de cada cidadão. Relegar apenas ao estado a responsabilidade nesta matéria é no mínimo uma demonstração de insensatez e desconhecimento da realidade da máquina administrativa do estado. Está historicamente demonstrado que o estado é incapaz, por si só, de exercer, de modo efectivo, todas as funções sociais que lhe são próprias, apesar dos impostos que de nós recebe.


A questão discutível portanto, é a forma como esta ajuda deve ser prestada. A maioria das pessoas recusa-se, mais por uma questão de comodismo que de ordem prática, a envolver-se directamente com os problemas de sua comunidade, sob a alegação de que este trabalho deve ser exercido apenas por instituições civis devidamente organizadas para isso. As actividades sociais prestadas por tais instituições quando seriamente administradas, são realmente efectivas. Não apenas pela sua abrangência, mas também pela eficiência com que atendem àqueles que delas necessitam. Muitas destas instituições estão voltadas não apenas para remediar situações de carência, mas também para proporcionar meios de reverter situações crónicas de dependência social, através da formação profissional ou de outras estratégias de inclusão.


Entretanto, nem todos os casos de carência humana podem ser encaminhados aos cuidados de instituições sociais. Não é possível, por exemplo, que ao deparar com uma pessoa que encontro na rua e que percebo estar literalmente com fome, eu lhe diga simplesmente para procurar uma ONG ou uma outra instituição qualquer para que lhe dêem uma refeição. Como também não é possível dizer a uma pessoa que está prestes a suicidar-se que aguarde a chegada de um psicólogo. Além disso, as instituições sociais têm limitações no que respeita a recursos financeiros e humanos, que as impossibilitam de atender a todo o volume de pessoas necessitadas existentes numa comunidade.


Caberá sempre portanto, ao cidadão comum, uma parcela de responsabilidade no exercício da ajuda social. Os argumentos comummente alegados para a recusa em assumir esta responsabilidade, acima mencionados, não podem ser entretanto discutidos apenas do ponto de vista político ou social, mas requerem a consideração de princípios Cristãos. Nem sempre é possível, por exemplo, saber se um indivíduo que pede auxílio é realmente carente, ou se é desonesto, ou se é simplesmente preguiçoso. Também não é sempre possível saber se o dinheiro dado como esmola a um jovem ou um adulto não vai ser usado para comprar álcool ou drogas.


A doutrina Cristã afirma o livre arbítrio de cada um e a responsabilidade de cada indivíduo pelos seus actos perante Deus. Por isto, a Palavra afirma que não devemos julgar levianamente a conduta de ninguém e também que a nossa generosidade deve ser incondicional, a ponto de ser estendida até mesmo aos nossos inimigos. Mateus 7:1-2).


1 Não julgueis, para que não sejais julgados.


2 Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão-de medir a vós.


Isto significa que se alguém explora conscientemente a boa fé alheia, ou se faz mau uso de uma ajuda que recebe, ele ou ela prestará contas a Deus por isso, mais cedo ou mais tarde (Romanos 2:5-11).


5 Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;


6 O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:


7 A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;


8 Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade;


9 Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego;


10 Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego;


11 Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.

Isto não deve portanto ser empecilho para que eu seja solidário com o meu semelhante, a menos é claro, que eu o conheça e saiba com certeza que ele fará mau uso daquilo que pede. Também o bom senso manda que é preferível oferecer ajuda em bens materiais; roupas, remédios e alimentos, do que em dinheiro. O que faria Jesus se caminhasse hoje por nossas ruas?


A solidariedade cristã é totalmente diversa da solidariedade humanista, pois enquanto esta é exercida por uma questão de responsabilidade social apenas, de forma discriminada, normalmente alardeada publicamente e em geral usada como meio para aplacar uma consciência inquieta; aquela é exercida por amor a Cristo, de forma incondicional, discreta e generosa. A verdadeira solidariedade cristã não discrimina aquele que recebe o benefício e tampouco espera recompensa por aquilo que faz (Lucas 6:33-35).


33 E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo.


34 E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto.


35 Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.

Existem entretanto alguns cristãos que afirmam que não se deve dar esmolas, mas apenas evangelizar, pois o verdadeiro cristão não precisa pedir esmolas. Com efeito, a palavra de Deus afirma que por meio da sua fé, o justo é sustentado pela providência divina e que ainda que venha a enfrentar situações de carência material que não possa solucionar; Deus cuidará, por sua graça e poder, para que sejam supridas todas as suas necessidades (Salmos 34:19; 37:25).


19 Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR o livra de todas


25 Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão.

Entretanto, é preciso lembrar que o não convertido vê as suas carências de uma forma totalmente diversa do cristão, pois ainda não foi espiritualmente restaurado por Deus. O seu coração está endurecido e antes que ele possa render-se à Graça de Deus, é essencial que ele perceba naquele que o evangeliza a misericórdia desse Deus, através da provisão de suas necessidades imediatas (Lucas 12:33).


33 Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói.


Evidentemente, o cristão não tem que sustentar ou ajudar indefinidamente aqueles que batem à sua porta, e que mesmo depois de receberem cuidados e serem apresentados a Cristo, adiam indefinidamente a decisão de lhe entregarem as suas vidas. Muito menos deve o cristão ajudar o impenitente, aquele que declaradamente se recusa a arrepender-se de más condutas e persiste intencionalmente nos mesmos erros.


Assim, o trabalho social praticada por instituições religiosas e pelos cristãos em geral é deveras importante para ser esquecido ou deixado de lado. Lamentável e tristemente constato que, no meio evangélico, o conceito de amor ao próximo geralmente limita-se à evangelização e à intercessão espiritual. Certamente praticamos a principal forma de demonstração de amor ao próximo, ao anunciar o reino de Deus e a urgência da busca da salvação em Cristo, mas, entretanto, não podemos esquecer de que Cristo não exortou apenas a fazer discípulos em todas as nações, mas também a curar os enfermos, a libertar do jugo do mal, a alimentar o faminto e a consolar os aflitos.


O falso cristão, o cristão religioso, cumpre apenas os preceitos da sua igreja, pode até frequentar fielmente os cultos e participar em campanhas evangélicas, mas, se se esquecer de estender a mão para o seu semelhante, ou ignora o clamor daqueles que clamam por auxílio todos os dias, nos hospitais, nos asilos, nas cadeias, nas creches e até mesmo na casa ao lado da sua . . .


A actividade de ajuda social pode e deve ser exercida pela igreja, tanto enquanto instituição como individualmente, por cada um de seus membros, pois ela é a comprovação prática de obediência ao evangelho de Cristo. Jesus ilustra, através da parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:30-37), a forma pela qual deve ser posto em prática o mandamento divino do amor ao próximo.


30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.


31 E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.


32 E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.


33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;


34 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;


35 E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.


36 Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?


37 E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.

Por este motivo, a ajuda social quando praticada pela igreja ou pelo cristão, é uma porta pela qual muitos ouvem o chamado de Deus e se convertem, exactamente pelo fato de que o não convertido percebe, através dela, que aquele que prega o amor de Deus demonstra, em sua vida, que a sua fé é autêntica e que ele pratica aquilo que prega.


Caríssimos, o Cristão tem que ser tão diferente de homens incrédulos, como Jesus o foi claramente diferente das pessoas do mundo naquela época. O crente tem que ser como que uma espécie separada, inigualável, destacada do eu. Nele deve existir alguma coisa que o distinga de todas as outras pessoas, alguma coisa que possa ser patente e inequivocamente reconhecida pelos outros, pois só assim poderá ser o Sal da Terra, o Fermento e a Luz do Mundo.

Deus Abençoe a todos





quarta-feira, 21 de abril de 2010

Deus Criou o Mal? E o mal... existe?



Graça e Paz;



Numa sala de aulas, um professor ateu desafiou os alunos com a seguinte pergunta:


- Vocês acham que foi Deus quem fez tudo o que existe?


Um dos estudantes levantou-se e corajosamente respondeu:


- Sim, fez! Claro, Deus fez todas as coisas!


O professor replicou:


- Então se Deus fez todas as coisas, então Deus também fez o mal, porque o mal existe e considerando-se que as nossas acções são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau.


O estudante calou-se diante de tal argumento e o professor, feliz, vangloriava-se de ter provado uma vez mais que a Fé é um mito.


De imediato, outro estudante levantou a mão e disse:


- Posso-lhe fazer uma pergunta Professor?


- Claro, pergunte.


O jovem levantou-se e perguntou-lhe:


- Professor, o frio existe?


- Mas que pergunta é essa? Claro que existe, por acaso nunca sentiste frio?


O rapaz respondeu:


- Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é ausência de calor. Todo o corpo ou objecto pode ser estudado quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com que tal corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.


- E a escuridão, existe? - Continuou o estudante.


O professor respondeu:


- Mas é claro que sim.


O estudante respondeu:


- Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é na verdade a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão não. O prisma de Newton decompõe a luz branca nas várias cores com seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a superfície que a luz toca. Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do espaço? Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é verdade? Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece quando a luz não está presente.


Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:


- Diga, professor, o mal existe?


Ele respondeu:


- Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do mundo e não tenho quaisquer dúvidas que essas coisas são o mal.


Então o estudante respondeu:


- O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O mal é simplesmente a ausência de Deus. É como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para descrever essa ausência de Deus.


Deus não criou o mal.


Não é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o Calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente nos seus corações. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz."






Gostava que reflectissem sobre o tema e o comentassem porque o vosso comentário vale ouro.


Deus Abençoe a todos agora e sempre;