quarta-feira, 27 de abril de 2011

Desejos & Perdas


Graça e Paz
Todos temos desejos. Desejamos coisas boas. Desejamos saúde. Desejamos bens materiais (para nosso conforto físico ou emocional), uma vida tranquila, bênçãos, um casamento que seja alegre e satisfatório. Um futuro de paz!
Faz parte da natureza humana querer o bem e buscá-lo para si e para os seus. Os mais altruístas buscam-no para todos.
Mas se desejamos é porque não temos, posto que o que temos não é mais desejado, mas realizado. Assim, todo o desejo é filho da falta.
Mas, se nunca deixamos de desejar, significa que estamos sempre a sentir falta. Os que tudo têm, têm ainda este sentimento, sentem falta de algo que não sabem o que é, assim, vivem uma angústia existencial, pois desejam o indefinível – (sentimento miserável).
Desejar é bom. Alcançar a realização do sonho ou objecto do desejo é óptimo. Como é delicioso segurar nos braços ou na alma, o fruto do desejo já realizado.
Entretanto, apesar de estarmos prontos para receber a realização dos sonhos, desejos e necessidades, nem sempre estamos prontos para os perder. É difícil aceitar que, aqui, tudo é passageiro.
A perda não está na nossa programação genética. Nem sempre aprendemos a perder, contudo, a perda é parte tão integral da vida quanto o ganho e a verdade é que todos perderemos durante a nossa vida.
Amigos passarão.
Nossos pais deixarão esta vida - provavelmente antes de nós.
Demissões acontecerão.
Confianças serão traídas.
Amores serão enterrados,
e a saúde não é perpétua.
E a beleza física, ai dessa beleza física, para desespero de alguns, será irremediavelmente perdida, murchará como a erva do campo, como já alertava Salomão: "Enganosa é a beleza e vã a formosura".
Já que todos desejamos, um desejo há que nunca se realizará, o de nunca perder.
Todos passaremos por processos de perda e isso não é fácil. Deve ser aprendido. Estamos prontos para ganhar um filho, mas nem sempre para perder os pais. Prontos para sermos promovidos, mas nem sempre para sermos despedidos.
Jesus dá-nos algumas dicas para que as perdas que se encontrarão com a nossa história sejam menos dolorosas, mas a que agora destaco é o facto de Ele plantar na alma humana a "esperança do porvir", definida na fé da vida após a morte: Não somos deste mundo, apenas estamos neste mundo!
Quando entramos no raciocínio de Jesus, não nos apegamos demasiadamente a esta vida, já que ela é passageira, portanto, esta vida É POR DEFINIÇÃO UMA PERDA ANUNCIADA. Mas a outra vida é uma vida sem perdas, apenas de ganhos, posto que É UMA VIDA ETERNA.
Daí Jesus insistir: "Não ajuntem tesouros na terra, [onde há perdas] onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntem tesouros no céu, [onde não há perdas] onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam."
Mas por quê?
Jesus sabiamente nos dá uma informação valiosa sobre a alma humana: "Porque onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração."
Se o teu tesouro for a tua beleza física, o teu envelhecimento não será um prazer, mas uma grande dor.
Se o teu tesouro for a tua posição social, posto que o mundo não pára de dar voltas, as próximas rotações te farão enjoar e vomitar.
Se o teu tesouro "eram" as tuas belas acções na bolsa de valores, o teu sono já está comprometido, pois onde está o teu tesouro aí também está o teu coração.
Se colocamos o nosso coração num tesouro que está no céu, as perdas desta vida tornam-se mais simples e menos dolorosas.
De facto não vemos este tesouro do céu, aceitamos este mistério apenas pela fé. E veja como isto é lindo, a angústia da perda a ser curada pelo simples acto de mudar o foco.
Jesus nos ajuda a mudar o nosso foco de um mundo “temporal-material” para o mundo “eterno-espiritual” e assim vivermos menos angustiados diante das muitas perdas que nos alcançarão neste mundo de ganhos e de perdas, de perdas e danos.
Deus Abençoe a Todos, Agora e Sempre!

2011-04-26
C.Martins