sexta-feira, 13 de agosto de 2010

SEM PALAVRAS


A todos saudo com Graça e Paz.




Não sou de muitas palavras
Nunca fui!
Existe em mim uma necessidade de silêncio
Premente
E limito-me a dizer o insondável
O extremamente necessário
O urgente ... o aflitivo
Não que o seja da minha parte
Mas sim dos outros
Que com olhos postos aguardam
Expectantes
Umas palavras quaisquer
Numa ânsia desmedida
De as conhecer
De as beber
E assim pronuncio-as
Finalmente
Mas palavras são apenas isso,
Palavras!
E mal são ditas perdem o significado
Que tinham antes de proferidas
Como se de uma magia qualquer se tratasse
E o poder só existisse enquanto fechado,
Secreto e sacramentado
Depois de ditas
São banais
Vulgares
Iguais
Palavras
São armas de arremesso
Doce afago no coração
São punhais, terrível traição
São desculpas esfarrapadas
Tristes notícias nos dão

Palavras
São tantas vezes enganos
Tanto faz de conta
Tanta falsa emoção
Deixámos há muito de comunicar
Construímos apenas castelos
Mas no lugar das cartas
Fizemo-lo de palavras
Que do mesmo modo tombam
Perante a realidade de uma acção

Palavras deixaram de ser ditas com o coração
Dizemo-las convictos de nada dizer
Sabendo que caminhamos sem direcção

Palavras são escudos de bem parecer
Ocas de significado sem vontade ou lição
E assim as palavras deixaram de ser
O que diferenciava um ser de outro ser

Palavras
São apenas palavras
Desprovidas de valor
Sem significado
Morreram
Solitárias
Na tinta
Apagada e envelhecida
Dos tratados
E condados
Num outro tempo
Noutro lugar
No passado
Adormecidas

"As palavras são prata, mas o silêncio vale ouro." (Provérbios)

A voz do silêncio é a voz de Deus. E falar com Ele é um privilégio maravilhoso acessível a todos nós.

Diz-me tudo o que quiseres... mas não mo digas por palavras.



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